Sempre atenta aos freqüentadores do local, Anita sentia-se num "observatório do mundo". Afinal, era ali, na sua cabine de venda de ingressos, que ela conhecia os mais variados tipos cinéfilos, dos adeptos de pornôs aos intelectualóides, além dos fãs de blockbusters.
Além disso, quando Anita passava da bilheteria para a sala de exibição transformava-se em espectadora. Ao todo, acabou assistindo a 2.424 filmes (sem contar os 288 curtas-metragens). Fora da sala, sente-se sempre vivendo momentos das histórias a que assistiu, associando-os a vários episódios de sua vida.
Mas seu local está para ser demolido para dar lugar a um moderno Multiplex. Depois de perder o emprego, sem saber o que fazer, Anita visita todos os dias o espaço vazio.
Pois é justamente na figura de um homem mais jovem. Antonio, o motorista que opera a escavadeira responsável pela destruição de seu antigo local de trabalho, que Anita começa a alimentar esperança de viver um grande amor.
Ela não quer perder essa chance de viver um romance que possa mudar sua vida, mesmo que não tenha vindo do jeito que ela sonhava.
A situação inusitada permite brincadeiras sobre a relação de uma mulher madura com um homem mais jovem. Também colabora para o humor agridoce e a ambigüidade de sentimentos dela em relação a Antonio – que além de tudo, é casado.